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segunda-feira, 4 de março de 2013

Fitando o que é temido


Eu posso ouvir o barulho do silêncio ecoando por todo meu quarto, onde apenas encontro minha lamparina iluminando a escrita. É um agudo agoniante que surta os ouvidos. São as batidas do meu coração, a sua respiração assonada. A propósito gosto de como fica a sombra da minha silhueta na parede, mesmo me incomodando de leve. Odeio como casas acopladas me permitem ouvir ruídos madrugada a fora, o que me faz custar pegar no sono. Eu já estava me irritando com a decoração do meu quarto. E me irritava mais ainda você fazer parte dela, como o mais valioso tesouro ali dentro, que eu possuía e não possuía. O mundo estava caindo lá fora, mas aqui dentro tudo estava queimando como fogo ao redor do meu coração. Anoitecia em Porto Alegre, quando me transformei na filosofia em brasa, olhando teus lábios. Forcei um sorriso amigável, mas meu olhar denunciava minh'alma, e minhas mãos me traiam tanto quanto. O contrário seria o oposto do seu olhar pareando com o meu. Equilibrando a harmonia dos ventos, apostando no dia em que pudéssemos ser apenas dois viajantes no tempo, tendo o mundo numa ampulheta eterna, guardada no bolso do meu casaco folgado. Mas meu bem, por hora a dúvida é a única resposta que eu posso fazer valer a pena.

                                                                           Rafaella Alvez

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