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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Odeio muito você, meu amor.

Odeio sua tornozeleira, ela ja é velha e ta quase arrebentando, e cheira cachorro molhado depois do banho, odeio o jeito que voce segura o cigarro e como senta na escada enquanto fuma, não gosto só pelo fato de achar apaixonante sua pose, sem camisa, com um pé no degrau de baixo.Odeio mesmo o fato de voce ser tão mimado, odeio por que numa dessas suas aventuras voce aprendeu a ser orgulhoso e não gosta de pedir desculpa e nem admitir que esta errado. Odeio voce ser tão sincero comigo quando as vezes eu queria que voce escondesse o medo por tras de um sorriso besta. Odeio quando voce faz a barba, odeio voce colocar aquelas camisas com escrita babaca com uma seta apontando pra mim quando vamos ao shooping. Odeio seu sorriso falso para as fotos, e odeio voce sempre querer ver filme e não parar de falar, nem um pouco, caramba, com todo esse tempo de namoro a gente não conseguiu ver um filme inteiro. Pô, é foda  ter que pedir pra não queimar o alho do arroz, por que eu quero ele branquinho, odeio isso. Odeio não ter com quem brigar por causa da toalha molhada em cima da cama ou pela bagunça no quarto, ou por andar de moto sem blusa alguma. Odeio ter pego suas manias e caretas, e odeio voce ter feito isso comigo. Odeio ir embora com vergões avermelhados pelo rosto, por que você não pensa duas vezes antes de roçar a barba por todo ele de propósito. Odeio como voce é fraco pra bebida, e com duas cervejas ja fica ruim, e odeio ainda mais quando voce resolve misturar com qualquer outro tipo de caipirinha. Odeio ter que falar pra voce não misturar bebida e voce sempre fazer isso. Odeio voce gostar de me contrariar. Odeio seu chinelo, sei lá pq, mas nunca fui com a cara dele. Odeio voce demorar pra me responder as mensagens mais urgentes. E odeio muito seus atrasos, na verdade teve só um, mas eu odeio voce pq voce fez isso. Odeio quando sua calça cai e voce deixa metade da cueca aparecendo e acha que ta arrasando. Odeio voce tomar suplemento, e odeio não me atender no meio do seu treino quando eu quero falar que é uma sacanagem aquele professor veado ter faltado bem no dia em que ele marcou a prova mais importante do semestre. Odeio quando voce finge que ta tudo bem, e continua com cara de bunda. Odeio quando eu to brava e voce me faz rir, tirando toda a minha autoridade, odeio voce não me deixar ficar brava. Odeio quando eu quero fazer um drama e voce me corta, odeio que voce me pede pra pensar em arvores nesses momentos. Odeio quando voce fala em poucas palavras, e também quando faz muito rodeio pra dizer algo simples. Odeio seu furo no queixo, só pq te deixa charmoso. Odeio quando voce diz que ta em outra cidade e que vai demorar. Odeio ter que ser grossa com voce, mas voce sempre acaba merecendo uma patada pra acordar. Odeio quando voce me ergue do chão, e odeio ter que erguer os pés pra alcançar sua boca e voce rir me chamando de baixinha. Odeio sua camisa me servir de camisola, e odeio ela ficar sexy em mim. Odeio voce fingir de desentendido e também odeio quando voce não presta atenção no que eu falo, mesmo que seja sobre o tempo. Odeio quando eu quero paz e voce insiste em me fazer cócegas, e me odeio por sempre sorrir. Odeio quando tem festa de algum amigo babaca seu, odeio por que também é cheio de baranga, inclusive a namorada dele. Odeio ela. Odeio suas amiguinhas medrosas, e imaturas, falo isso por que elas nunca se apresentam, tem a fala corrida e mal da pra entender o que dizer enquanto se despedem depressa. Odeio voce me achar fofa enquanto meu sangue ferve de ciúmes. Odeio voce não ter muito ciúmes. Quer saber? Eu odeio voce! Com todos os trejeitos, gestos, carícias, beijos, sorrisos, olhares, corpão e tudo mais. Odeio voce. E o que eu mais odeio, é não saber odia-lo com tanta prece, com tanta convicção. Eu odeio não te odiar, e odeio ter que admitir o quanto tudo que eu disse é bem pelo contrário (menos a parte das amigas barangas). O meu ódio é todo convertido em forma de amor e chega até voce na forma do beijo mais suave que eu posso dar, da imensidão de sentimentos e também da explosão deles. Eu odeio o tamanho do meu amor por voce ser tão grande e ter a essência tão pura. Eu te amo meu pequeno

                                                                                                                                                                              Rafaella Alvez

sábado, 25 de maio de 2013

devaneios alheios

Eu queria cumprimentá-lo, mas não era no rosto o beijo que eu queria dar. E o abraço que eu desejava era forte e compromissado, sem ninguém para cessar minha confiança de estar ali.É que para um escritor o pouco é muito ... Um gole de chá, uma xícara de café enquanto chove lá fora e o ar condicionado faz mal para garganta aqui dentro.
A caneta numa mão, e a xícara na outra, seu namorado dormindo e você indo cobri-lo com todo o afeto que pode depositar naquele cobertor e ouvir um: deita um pouco aqui comigo vai! E ceder a voz embriagada de sono dele, enquanto entra por debaixo da coberta discretamente para não despertá-lo e em pouco tempo ele já te puxa para perto, se acomoda nos seus braços  como um porto seguro e o sentimento de confiança te invade o peito e te conforta tanto a ponto de querer descreve-lo enquanto dorme, feito uma criança inocente e despreocupada. Até que de tanto pensar e repensar, por fim você pega no sono, e pouco tempo depois acorda assustada, querendo saber onde deixou o bloco de notas e se depara com ele sentado na beira da cama com a sua xícara de café requentado, que aliás cheira muito bem, porque foi ele quem preparou e o dele é sempre melhor que o seu. Mas quando você tenta tomar as palavras de suas mãos, ele só sede o café com algumas gotas de whisky barato e começa a ler em voz alta, enquanto deixa tudo em segundo plano e segue em sua direção, fazendo cessar a fala com um beijo que só ele sabe dar. 
Mas ... para um escritor o pouco é muito, e o pouco que eu penso em você faz qualquer resquício ter importância, mas acabei beijando seu rosto e olhei timidamente para baixo, escondendo meu olhar gritante.
                                                                                        Rafaella Alvez

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Um sobre você


Você de terno e gravata fica bonito, e de bermuda e chinelo também. Segurando o cigarro numa mão e a cerveja na outra num crepúsculo de domingo num bar qualquer sorrindo para mim, fica ainda mais. Tirando sarro do meu cabelo ou com voz de deboche no telefone consegue ficar despresívelmente charmoso.
Com a voz rouca como a de quem acabou de acordar e a barba mal feita roçando no meu rosto, me engana com com suas palavras doces, enquanto me beija a boca afastando o juízo de nós, quando toca a minha pele e me puxa para mais perto.
Tira meu sossego quando aparece sem aviso prévio e me pega desprevenida no meu horário de almoço. Seu riso me inquieta e  no ritmo eu saio a dançar pelo quarto inundado de sentimentos, fazendo você alcançar meu passo e se juntar a mim, enquanto a melodia não só toca no ambiente, como toca nossas almas perturbadas. Querido, estamos na mesma sintonia.

                                                                   Rafaella Alvez

sábado, 27 de abril de 2013

Só de passagem


De certo modo foi bom. Me sentia atormentada por isso, porém era um tormento positivo. Foi um arrepio que subiu percorrendo toda a espinha quando você tocou minhas costas me puxando para perto. Sempre me desafiei a andar sozinha, sempre gostei da minha individualidade, aprendi que o singular é bonito e único, e me prendi a isso. Meus passos leves e sem compasso me flutuam até onde eu devo ficar e me arrastam quando devo ir, sem ao menos aviso prévio. Mas ali era o meu lugar, pelo menos por enquanto, e não só os meus pés estavam presos e intactos ao chão, mas, irredutível como ferro e imã eu me encontrava nos seus braços, somente podendo ouvir a nossa respiração. Seu sorriso assim como o meu era incontido. Eu 
queria reclamar da sua indiferença com algumas coisas e do timbre da sua voz quando chama meu nome com ar debochado, queria poder reclamar por você não assumir o controle quase nunca, mas sempre que o faz quero que pare. Não sei bem se era o perfume forte na sua roupa, que depois de um tempo se empregnou na minha, ou se foi o beijo já embriagado que despertou tamanha façanha, mas dessa vez mesmo eu sabendo que seria ligeiramente rápido, desejei ficar e sentir. Sua mão tocando suavemente meu rosto, enquanto a outra me puxa pra mais perto, seu sorriso de canto e olhar insaciável, nossos desabafos do dia, do trabalho, das aulas, as repreensões que na maioria das vezes sou eu quem faço. Detalhes que se prendem à memória e se questionam entre si. Mantendo os pés firmes no chão, e me afagando em seus braços, me encaixando numa posição para me sentir acolhida e confortável enquanto você me abraça e pede com o jeito mais delicado possível pra eu não ir, mesmo soltando a minha mão, me faz querer ir, mas não só ir para outro cômodo, outra sala, outro ambiente, faz querer ir embora, por que a mão que me puxa é a mesma que me empurra. Acho que isso é o que me mantém perto, por que com os poucos contras, temos todos os prós a favor. Tua blusa sempre foi ótima, cheirosa, quentinha, bonita e toda perfumada, mas sempre ficava grande demais em mim, e você fazia questão que eu a usasse, dizendo que ficaria mais perto de mim, mesmo sabendo que clamando por raízes, meu coração ainda possui asas e quer se aventurar.

                                                                       Rafaella Alvez

sexta-feira, 19 de abril de 2013

DEsencontro


A Paulista sempre teve seus encantos, luzes que nunca se apagam e pessoas movimentando as ruas todas as horas do dia ou da noite ... sempre imaginei São Paulo como uma MINI Times Square, e sem tanto glamour, MAS deixa assim. Era um dia frio, e como eu não costumo ficar por lá, quis comer num restaurante. Horário de pico, porque só essa hora se consegue uma mesa em 
algum lugar, enquanto todas as possíveis pessoas estão enraivecidas presas no engarrafamento, que aliás por mais difícil de acreditar, eu também acho bonito.
Gosto tanto de estar entre as pessoas, que não estar me faz mal, e , ali eu sempre me senti acompanhada, mesmo não estando,parecia que cada pessoa ao meu lado dividia sua história com a minha somente num olhar, mesmo que de relance ou até aqueles que não te percebem mas que a pressa une vocês. Me sentia extasiada quando acontecia isso, mas só durava o tempo do sinal 
abrir e pronto, virávamos formigas, pouco ordenadas, tentando não morrer atropeladas, até chegar à outra ponta.
Foi numa dessas que eu entendi que tanto cachecol no frio e câmeras a vista não funcionam muito bem ... poxa, eu sempre fui desastrada, mas não precisava esbarrar no carinha fotógrafo e quase quebrar todo o equipamento dele. Droga!
Até quando se esborracha no chão os olhares se conectam, mesmo que seja um olhar pedindo ajuda para levantar. Foi imediato, me pediu desculpas pela desatenção e fez cara de cachorro abandonado, enquanto eu bancava a dona enfurecida, sai resmungando e pisando duro rumo ao restaurante, parecia criança outra vez. Me apossei de uma mesa e fiz meu pedido, quando vejo o brutamontes que me derrubou materializado na minha frente e pedindo licença já puxando uma cadeira junto a mim. Quanta ousadia! O nosso DEsencontro tinha a trilha sonora da falação de muita gente, por que o lugar estava realmente lotado. E com gente vazando pelas janelas, o atendimento estava realmente muito lento, o que deu brecha para o espertalhão continuar com papos furados e conversas fiadas ... que me tiraram risos, sorrisos (confesso) e ainda descolei uma companhia, minha, só minha ... E quem diria que entre tantos desencontros, esse de maneira mais espalhafatosa, sem dúvidas, foi destinado a me encontrar.

                                                                              Rafaella Alvez


Ps: Sim eu sei que eu sumi, é que agora virei gente grande, trabalho e estudo, viva o/ haha. Mas vou fazer o possível pra não demorar taaaaaanto tempo pra postar aqui ta? haha. Bom esse texto eu fiz especialmente para a minha amiga Isabela Dorta, retratando de uma maneira diferente um acontecimento da vida dela, ta aí amiga, espero que goste *-* Beijos :)