quinta-feira, 14 de março de 2013
Paraíso escuro
Fazia sorrir a entonação da voz dela dizendo que eu estava passando tanto tempo junto de você. Que você "tava em todas". Eu estava realmente me segurando para não escrever sequer uma linha com você no pensamento. Nem tinha tanto motivo aparente para isso, só o conhecimento, o que não é tão grande coisa. É que digitar tudo aqui faz parecer menos brilhante do que é, faz ofuscar qualquer luz que caia sobre nós. Só faz parecer mais importante do que deveria ser, ou o contrário, quem julga sou eu mesmo. Gosto quando não acontece nada. Gosto de encobrir os meus fatos por trás das minhas metáforas mal feitas também. Tinha uma tribo de gente que eu detestava em um lugar pouco cheio da cidade, e me irritava mais fazer e não fazer parte daquilo. Aí eu joguei tudo pro ar e cai exatamente onde deveria. Apesar de ultimamente você estar em todas, não era tudo por você, na verdade era tudo sobre mim, tudo por mim. Eu estava em todas, é só enxergar de uma outra perspectiva, a minha perspectiva de ver as coisas. Relatos me distraem e são pouco convencionais, mas é natural dizer que cappuccinos de universidades realmente decepcionam a gente. E que tem bancos que ficam enfincados na terra, presos com nossos momentos passados lá e que ninguém pode apagar. Eu peguei um óculos torto de um colega e comecei minha leitura, alternando o olhar e
não entendendo nada que o livro dizia, porque obviamente literatura brasileira exige certa atenção e um dicionário Aurélio do lado, quando se trata de Graciliano, mas eu não tinha nenhum dos dois comigo. Tem pequenas coisas que se sobressaem nas pessoas, e eu realmente ainda não sei o que chama atenção em mim. Mas jogos meus dados, apostando no mistério que os óculos provocam, ou o livro fazendo um charme intelectual, mas o número que eu aposto mais alto é na minha vocação, todo mundo quer se ver escrito num texto meu, quer se encontrar descrito nas minhas linhas atordoadas e meus textos sem sentido aparente. Eu bem que poderia dizer que tudo começou a se encaixar, mas aquele quebra cabeça não era meu ... Eu era peça dele, eu sou um capítulo, faz sentido, por que eu vivo curtos períodos de tempo em cada novela mexicana alheia, mas não posso me enganar o paraíso escuro era meu, o quebra cabeça era eu e o que movia meu mundo era tudo aquilo que eu achava que sumia em mim, mas que no fundo fragmentava tudo aquilo que eu sempre achei que era. E na verdade, eu sou!
Rafaella Alvez
Ps: Oi gente, desculpa a falta de compromisso com o blog, é que esse ano tem aquela coisa de Enem e tem uns 9 livros pra resumo e um monte de matéria chata, então estou postando com menos frequência por falta de tempo mesmo, não abandonei aqui e nem vocês *-*
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