Páginas

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cinzas de rosas


Era novo e persistia. Foi dito repetidas vezes e assim,agora ecoava em sua mente, sem previsão de parada.As mãos estavam geladas e assim como suas pernas elas também estavam trêmulas, ditas num tom baixo e tímido as palavras saíram todas gaguejadas.Com a garganta engaiolada as mesmas presas não tinham escapatória. Ele me olhava do outro canto da sala,era um olhar morto,sem expectativas e nem muitas observações que foi interrompido por uma batida na porta,seguida de uma voz chamando alguém.O que fez com que o relógio voltasse a fazer seu percurso.Ele fica bonito de jeans e o outro lá de bermuda ,eu gostava dele porque entre todos era com ele que eu não trocava palavras ,e nem era preciso disfarçar olhando alternadamente em sua direção e no livro de sociologia .Os olhares não se cruzavam,droga! O leque amarelo ouro,florido e com mecanismo em marrom me chamava atenção,em partes pelo calor que fazia e os ventiladores não davam conta, o jeito como ele passava de mãos em mãos e nunca nas da japonesa que mordia com delicadeza e ousadia o lábio superior.Era uma das coisas que me intrigava naquele lugar.Mais uma para a tribo e ele nem se importava,como se não visse.Tinha estilo boyzinho e personalidade forte e isso já bastava para que eu me interessasse na figura do loirinho marrento,sem sal nem açúcar.Por que não falava comigo? Enquanto todos os outros já haviam se aproximado. O som de um violão que o músico dali tirava das cordas embalava meus pensamentos gritantes quanto a isso.Minha vontade de levantar dali e questioná-lo estava incontrolável,então resolvi pensar em outra coisa.Tentativa falha.Era mais forte que eu. Aquele professor com jeito afeminado me deu a brecha,me levantei e fui entregar a ele o pequeno quadro,coloquei minha mão sobre seu ombro e com jeito nada discreto ele se mostrou espantado com a minha figura representada ao seu lado,como um raio,mas do que depressa pegou o objeto. Não me preocupei nem um pouco com o que ele estava pensando de mim, a intenção era deixar minha marca e me mostrar presente.Missão concluída. Já se passava do 12:00 e o calor predominava o ambiente, minha vontade de ir para casa estava quase no mesmo nível de correr atrás.Sorte que eu não sou disso, me vangloriei! Eu sou foooooogo! Eu sempre insistia em dizer,se você acredita nos astros então por favor,não mexa com uma capricorniana. Aberta a pequena passagem, as palavras como passaros se viram livres e mais do que depressa saíram todas de uma vez,sem ordem ou cuidado,todas desordenadas chegaram ao ouvido do rapaz que por hora,só teve uma reação ... me olhar de volta e sorrir. O final a gente inventa!
                                                                                   Rafaella Alvez

0 comentários:

Postar um comentário