O destino daquela noite era continuar sóbria, lendo meu livro deitada na rede da sacada,onde eu podia ver todo o movimento.Todos indo para uma festa no centro da cidade,outros fazendo uma festa de arromba abaixo de mim.Eu queria apenas ficar ali e me sentir como numa cena daqueles filmes melancólicos.Não consegui.Depois de um tempo,olhando para baixo de lá do alto,pensando em como seria se eu me jogasse naquele instante.Penso em tomar alguma coisa,já estava com a boca seca de passar tanto tempo ali.Passo pelo quarto escuro,me deparo com outra pessoa saindo de outro cômodo do grande sobrado e se assustando comigo,tiro o cabelo dos olhos e me desculpo.Desço as escadas rapidamente,com meu livro escapando entre os dedos sem sequer olhar para trás.Alguns dormindo,outros vendo televisão,a maioria bebendo,outros fazendo jogos no meio da sala de jantar,e outros um pouco mais sóbrios conversando sobre o trabalho e como era cuidar da casa.Fico irritada ! Deixo meu querido livro no sofá da sala e coloco a minha máscara de satisfação.Pego um copo com alguma coisa e resolvo beber junto com eles.Jogos ,bebidas,conversas sem muito sentido.Já alegre e bebendo tudo que me ofereciam olho para uma menina e a influencio para se juntar a nós , ela recua, eu não a forço,depois de alguns minutos a vejo lá.Eu influenciando alguém ? mas eu é quem tinha que ser influenciada.E fui , por mim mesma , pela falta de compaixão de todos ali.Ja era de madrugada,eu ja estava cansada e tonta.Outros vômitando,alguns passando mal,outros dando PT,e eu ali me sentindo errada e suja demais por tentar esquecer o lixo amoroso que estava a minha vida.Por tentar fugir da realidade,consegui,por pouco tempo,apenas o tempo que dura o álcool no seu corpo.Mal dormi,ja embriagada deitei com a roupa do corpo num colchão de ar pouco confortável.Meu “sono” durou apenas algumas horas.Acordo e me olho no espelho,me sentindo suja e idiota por me submeter a tal papel,o qual nunca havia feito.Tomo meu banho,a dor de cabeça forte predomina,conhecida como ressaca.Desço com olheiras gigantes,havia café quente na mesa.Bebo,estava forte.Com o passar do tempo o resto do pessoal foi acordando,um pior que o outro e eu ali,sem me mover,sem disponibilizar meu lugar a mesa para ninguém,se passou uma hora e meia e eu ainda tentando me encontrar.Única coisa que me fez sentir um pouco melhor ,sentir que havia encontrado um pequeno pedaço de mim,foi me deparar com o meu livro em cima da geladeira,como ele foi parar lá? Lembro-me de ter posto no sofá na noite anterior!Isso já não importava mais,deixei todas aquelas pessoas por um lado desconhecidas,passando mal e tendo que ir tomar soro no hospital, e mais do que depressa fui para casa.
Pedi alguns analgésicos para a minha mãe,que logo reparou o que estava acontecendo ou melhor tinha acontecido e me deu uma bela bronca por isso.Mas eu me senti bem por aquela bronca,fiquei de certa forma contente.Me senti errada demais,jovem demais.O protótico de garota perfeita havia saído para passear como diriam sábios amigos.A menina havia aprendido sobre virtude.Foi naquela noite,e apenas naquela,que a garota soube o que era ser desvirtuada.
Rafaella Alvez
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