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domingo, 16 de dezembro de 2012

16 de Dezembro


Os invernos eram sempre mais frios sem a presença dele. Na forma menos madura possível eu me encolhi nos braços da minha mãe e chorei, chorei sem som, sem soluços, chorei solto, chorei em silêncio como vinha fazendo há tempos. E passadas várias vezes suas mãos em minha cabeça e braços, me acariciando da maneira mais maternal possível, dizia suas sábias palavras.
É que quando a dor preenche o vazio do seu peito, vem impactando qualquer estrutura ou barreira que você tenha erguido. Ela vem com força, vem faminta, vem gritante e desenfreada, vem sem medo. Eu chorava a minha solidão, chorava sem pressa, sem culpa, sem esforço ... infelizmente sem nenhum esforço aparente. Talvez seja por que mesmo com o passar de todos esses anos, eu ainda tenha as nossas fotos, escondidas até de mim, mas tenho, ainda sei a data do seu aniversário e de como você preferia as roupas. Hoje não foi um bom dia. Por que aquela musk combinava tanto com o óculos, e te deixava ainda mais charmoso ? Odeio esse efeito que você ainda tem sobre mim. Odeio a forma como você me afeta, só por me encontrar na rua. Odeio me desmontar toda depois, mas me mostrar firme, forte e confiante na sua frente, nunca deixando a postura de lado. Por que cá entre nós, eu tinha que te mostrar o quanto eu estava bem e sorridente sem você na minha vida, tu tinha que enxergar o que perdeu. Mesmo ainda sendo, aquele sorriso não era mais seu, nem aquele riso frouxo e forçado não era mais pertencente a você. Era arrasadora a forma que eu me encontrava, um estado pecaminoso e digno de pena. Eu confesso, sem medo, sem escrúpulos  sem pena própria também. Odeio me tratar no pejorativo nessas horas. De alguma forma, com qualquer motivo barato, eu preferia ainda sofrer por você, do que me apegar por outro alguém e depois ter que sofrer duas dores, eu vejo nexo nisso. Você era o único cafajeste que ainda me fazia sentir qualquer sensação, mesmo as piores delas. Então nada mais justo das minhas dores serem todas pertencentes só á você. 
Vamos lá garota, agora limpa essas lágrimas, bota um sorriso no rosto. Guarda ele e o seu sofrimento na caixinha de baixo da cama, junto com todos aqueles outros monstros que ainda te atormentam, levanta e vai viver. 

                                                                   Rafaella Alvez

1 comentários:

Lola disse...

É bom espairecer, não é? Seja por meio de palavras ou no colo da mãe.. de qualquer maneira é sempre bom.
Adorei o blog e a maneira como escreve. Se puder dar uma passada no meu, criticas e elogios são sempre bem vindos!
http://sweetjaneand.blogspot.com.br/

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